Saude

Fiocruz: encarceramento é o principal fator de risco para tuberculose

O encarceramento é o mais grave fator de risco para tuberculose, de acordo com uma pesquisa da Fiocruz, em parceria com instituições do Brasil, Argentina, Peru, Estados Unidos e Colômbia.

De acordo com o estudo, o aumento da privação de liberdade desde 1990 resultou em quase 35 mil casos da doença em 2019 nesses países, acima da média verificada em outros anos.

Entre os fatores que fazem com que o encarceramento seja um fator de risco tão acentuado estão a superlotação das prisões, ventilação precária nas celas, desnutrição e acesso limitado a cuidados de saúde. 

Sobre isso, um dos responsáveis pelo estudo, o pesquisador da Fiocruz, Julio Croda, avalia que é um cenário comum na América Latina.

“O aumento da taxa de encarceramento está ligado diretamente ao número de casos de tuberculose nas prisões, porque as condições são ideais para a transmissão. Atualmente o Brasil é o país com maior casos de tuberculose em pessoas privadas de liberdade. É importante entender que o encarceramento é responsável por aproximadamente 30% da carga de tuberculose em toda a América Latina. Isso não é um fenômeno específico do Brasil, é um fenômeno de toda a região”.

A análise também aponta que, embora em nível mundial a incidência da tuberculose tenha diminuído 8,7% desde 2015, na América Latina a ocorrência de casos aumentou 19% no mesmo período, ao mesmo tempo em que a população privada de liberdade quase quadruplicou nos últimos 30 anos. Esse crescimento foi o mais rápido que em todo o mundo.

Julio Croda reforça a importância de políticas públicas voltadas para a população privada de liberdade.

“É importante que a gente tenha políticas inovadoras para a população privada de liberdade. É necessário um esforço coletivo do Ministério da Justiça e do Ministério da Saúde para reduzir a carga da doença nesta população”.

O estudo da Fiocruz conclui que medidas de redução no encarceramento poderiam ter impacto positivo na saúde pública, diminuindo os casos da doença até 2034.

 


Agência Brasil

Deixe um comentário