O valor do tratamento do câncer de próstata no sistema de saúde privado brasileiro, entre 2021 e 2024, deu um grande salto. A conclusão foi de estudo inédito da Sandbox Data For Health, empresa focada em dados de saúde. De acordo com o levantamento, o valor médio por paciente saltou de R$ 7,5 mil para R$ 22 mil, o que representa uma alta de 195% no período.
Os dados da pesquisa indicam que as internações hospitalares alavancaram esse aumento. O tempo médio de permanência geral nos hospitais subiu de três dias, em 2021, para dez dias em 2023. Já na UTI, a permanência aumentou de dez para 16 dias no mesmo período. Diante do cenário de crescente impacto financeiro, o estudo reforça a necessidade de rever estratégias de manejo e buscar alternativas para promover a sustentabilidade nos cuidados, como avalia o diretor médico científico da Sandbox, Alexandre Vieira.
“Temos medicamentos e tratamentos atuais cada vez mais eficazes, mas também cada vez mais caros. É relevante a gente acompanhar não apenas com os ensaios clínicos, mas também com dados de vida real para entender como a população brasileira tem se sustentado, como que economicamente passa a ser sustentável o tratamento para uma doença como o câncer de próstata.”
O perfil dos pacientes também mudou. A idade média dos pacientes tratados caiu de 72 para 68 anos, o que sugere diagnósticos mais precoces. No entanto, esses tratamentos, muitas vezes, envolvem terapias mais intensivas e valores elevados. Além disso, a porcentagem de pacientes que necessitaram de internação em UTI passou de 4,13%, em 2021, para 10,87% em 2024. O paciente Sergio Riede teve câncer de próstata aos 63 anos de idade, em 2019. O diagnóstico precoce foi determinante para o sucesso do tratamento.
“O fato de ter feito no início permitiu que tudo fosse resolvido. Fiz cirurgia de retirada da próstata. Cinco anos depois, não tenho nenhum sintoma, meus exames estão todos regulares, continuo acompanhando periodicamente para controlar uma possível reincidência dessa doença.”
O estudo da Sandbox destacou o crescimento do custo com órteses, próteses e materiais especiais, que passou de R$ 2.727 para R$ 7.733. Além disso, os gastos com medicamentos mais que dobraram, saltando de R$ 2.632, em 2021, para R$ 5.546 em 2024.
O câncer de próstata é um dos mais comuns no Brasil, e o aumento da expectativa de vida da população tende a intensificar o desafio de atender à demanda por cuidados mais complexos e custosos nos próximos anos.
Agência Brasil
