COLUNISTAS

A maternidade solo e a luta invisível das mães que não podem parar

Ser mãe já é desafiador. Ser mãe solo é carregar nos ombros uma responsabilidade que, muitas vezes, parece maior do que se pode suportar. É acordar antes do sol nascer, organizar a casa, preparar as crianças, ir trabalhar, voltar, cuidar, amar, tentar descansar e repetir tudo no dia seguinte. Sem trégua. Sem um revezamento. Sem uma rede que alivie o peso das pequenas e grandes decisões que fazem parte da criação de um filho.

A sociedade admira a mãe solo na teoria, mas na prática, muitas vezes, vira as costas para suas dores. Exalta sua força, mas não oferece suporte. E essa força, tantas vezes romantizada, na verdade vem da necessidade. Não é uma escolha. É uma sobrevivência.

E dentro dessa rotina exaustiva, ainda existe um peso que machuca o coração: a culpa.

A culpa de não estar presente o tempo todo

Muitas mães solo precisam trabalhar fora, deixando seus filhos com parentes, babás, creches ou escolas em tempo integral. E mesmo sabendo que fazem isso para garantir o sustento da casa, a culpa aparece: “Será que estou deixando meu filho tempo demais com outras pessoas? Será que ele sente minha falta? Será que sou suficiente?”

A sociedade reforça essa culpa o tempo todo. Se uma mãe solo se dedica ao trabalho, dizem que ela está “terceirizando a criação do filho”. Se ela reduz a carga de trabalho para estar mais presente, criticam porque “não está se esforçando o bastante para dar uma vida melhor ao filho”. Nunca é o bastante. Nunca é suficiente.

Mas a verdade é que nenhuma mãe ama menos por precisar trabalhar. Nenhuma mãe falha por não conseguir estar em todos os momentos. A maternidade solo exige escolhas difíceis, mas cada sacrifício carrega amor. E a qualidade do tempo que se tem com um filho importa muito mais do que a quantidade.

A solidão de decidir tudo sozinha

Muitas mães solo não têm com quem dividir o peso das decisões diárias. Não há um parceiro para compartilhar o planejamento financeiro, as escolhas sobre a educação, os limites a serem ensinados, os tratamentos médicos a serem seguidos. É ela por ela mesma, segurando as rédeas de uma vida que não dá pausas.

E ainda assim, mesmo sozinhas, essas mães constroem lares cheios de amor. Criam crianças com valores, com segurança emocional, com carinho. Mostram que família não é sobre quantidade de pessoas, mas sobre a qualidade dos laços que se criam.

•Entrevista com Mariana: A voz de uma mãe solo•

Para entender ainda mais o que significa ser mãe solo, conversei com Mariana, mãe de 3 filhos, uma mulher que, apesar dos desafios, segue firme em sua jornada. Durante nossa conversa, Mariana compartilhou algumas das suas experiências e reflexões.

  1. Mariana, qual é o maior desafio que você enfrenta ao conciliar sua rotina de trabalho com a criação dos seus filhos?

Mariana respondeu que o seu meu maior desafio, é não dar nem 50% do seu dia a eles, por não conseguir conciliar o trabalho e ser uma mãe presente.

  1. Como você lida com a culpa de não poder estar presente o tempo todo?

Ela compartilhou que, sente culpa o tempo todo de não ser a mãe que eles merecem, de estar em casa para preparar o lanche da tarde, de ver chegando da escola, de estar em casa quando eles precisam dela.

  1. Qual foi o momento mais marcante em que você percebeu a sua própria força, mesmo nos dias mais difíceis?

Para Mariana, o momento mais marcante pra ela, é saber que com isso tudo eles ainda a amam.
Palavras de Mariana: “Deus está em cada detalhe . Meus filhos são umas bençãos, minha razão de viver. E não sei como demostrar.”

Apesar de todos os desafios, seu esforço não passa despercebido.

Você não está sozinha.

Se você é mãe solo e está lendo isso, saiba que suas lutas são reais, mas sua força também é. Você pode se sentir cansada, sobrecarregada, perdida às vezes, mas isso não significa que está falhando. Pelo contrário.

O amor que você dá ao seu filho é o que realmente importa. Ele não precisa de uma mãe perfeita. Precisa de uma mãe presente quando pode, disponível emocionalmente, mesmo que por alguns minutos no dia. Precisa de uma mãe que, apesar de tudo, continua.

Então, respira. Um dia de cada vez. Você está fazendo o seu melhor. E seu melhor já é muito.

Por Dani Fontana

Deixe um comentário