A culpa é uma sombra que insiste em nos acompanhar na maternidade. Ela surge nas pequenas e grandes decisões, no cansaço ao final do dia, no olhar do filho que esperava um pouco mais de paciência, no prato que não foi tão nutritivo quanto gostaríamos. Nos questionamos o tempo todo: “Será que estou fazendo certo?”, “E se eu estivesse mais presente?”, “E se eu tivesse agido de outra forma?”. Mas será que essa culpa nos ajuda ou apenas nos afunda?
A verdade é que nem toda culpa é real. Muitas vezes, ela não nasce dos nossos erros, mas das expectativas irreais que nos colocaram desde o momento em que nos tornamos mães. A mãe perfeita, que nunca se irrita, que sempre sabe o que fazer, que tem tempo para tudo e ainda dá conta de si mesma—ela não existe. E, mesmo sabendo disso, seguimos nos cobrando por algo inalcançável.
Mas a culpa pode ser ressignificada. Em vez de deixá-la nos consumir, podemos usá-la como um ponto de reflexão. O erro não precisa ser um fardo, mas um convite ao aprendizado. Se em algum momento agimos de um jeito que nos machucou, podemos olhar para isso com carinho e entender o que pode ser diferente da próxima vez. Sem punição, sem autojulgamento cruel. Apenas com consciência e crescimento.
E, acima de tudo, é preciso lembrar que a maternidade acontece no todo, não em um único momento. Um dia difícil não define a mãe que você é. Seu filho não precisa de perfeição, ele precisa de verdade. Precisa de uma mãe que erra, que acerta, que pede desculpas, que segue tentando. Porque é assim que ele aprende que a vida é feita de tentativas e não de roteiros prontos.
Então, da próxima vez que a culpa bater, respire fundo e se pergunte: “Isso é real ou só uma cobrança desnecessária?” Olhe para tudo o que já faz, para todo o amor que entrega, e se permita ser humana. Nos tropeços e nos acertos, você continua sendo abrigo, amor e aprendizado.
Por Dani Fontana