Não Robotize a Maternidade

A força da mãe que não pode parar

Há uma força na mãe que ninguém explica. Mesmo quando o corpo pede repouso, ela se levanta. Mesmo quando a febre queima, suas mãos continuam acolhendo. Mesmo quando a exaustão a consome, ela segue em frente.

Porque a mãe não espera estar bem para cuidar. Ela cuida na dor, na fraqueza, no cansaço. Cuida quando sua mente está sobrecarregada, quando suas emoções estão confusas, quando tudo dentro dela grita por um instante de alívio. Mas, ainda assim, ela se move. Ainda assim, ela se doa.

Lembre-se da sua mãe doente na sua infância… lembrou? Pois é, eu também não me lembro. Significa que ela nunca adoeceu? Não. Significa que ela mesmo em situação vulnerável, se manteve firme, na condição de cuidadora.

E, muitas vezes, ninguém percebe. Quando uma mãe adoece, dificilmente recebe o mesmo cuidado que ela mesma teria com qualquer pessoa da família. Sua dor é invisível. Sua febre não interrompe a rotina. Sua exaustão não encontra espaço para descanso. Porque, no olhar de muitos, ser mãe significa estar sempre disponível, independente da própria condição.

Além da doença física, há ainda a sobrecarga emocional. O peso de ser a única responsável. O medo de pedir ajuda e ser julgada. O receio de que, se ela parar, tudo ao seu redor desmorone. E, mesmo sabendo que o corpo e a mente precisam de pausa, há dias em que a única opção parece ser seguir em frente, porque ninguém fará por ela.

Mas ser forte não significa ignorar a própria dor. Significa reconhecer limites. Se não há quem cuide de nós, que ao menos possamos nos cuidar dentro da realidade que temos. Não se trata de clichês como “tire um tempo para você”, porque sabemos que nem sempre há tempo. Mas, sim, de aceitar que, em alguns momentos, o básico já é suficiente. Que delegar tarefas não é fraqueza, mas necessidade. Que pedir socorro não é fracasso, mas inteligência.

Ser mãe é ser forte até na fraqueza. É ser abrigo, mesmo quando se sente perdida. Mas nenhuma fortaleza resiste sem manutenção. Nenhuma mulher consegue dar tudo de si sem nunca se reabastecer. Então, que a gente siga forte, sim. Mas que também aprenda a respeitar nossa própria humanidade. Porque até a mãe que não pode parar precisa, em algum momento, de uma pausa.

Por Daniela Fontana

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