Quando falamos sobre licença-maternidade, precisamos lembrar que não se trata de um benefício para a mãe. É um direito da criança. Um direito de começar a vida com presença, vínculo e proteção.
A legislação brasileira garante 120 dias de licença-maternidade. Mas há algo que não bate nessa conta: a própria Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde recomendam 6 meses de aleitamento materno exclusivo. Ou seja: 180 dias. A mãe volta ao trabalho antes de completar esse tempo mínimo de amamentação. Como manter o aleitamento exclusivo trabalhando fora, em meio a adaptações, ordenhas e logística?
É por isso que o Programa Empresa Cidadã é tão importante. Ele permite que empresas prorrogarem a licença para 180 dias, e assim respeitem o tempo mínimo necessário para um bebê receber o leite materno como única fonte de alimento — o que é fundamental para sua saúde, sua imunidade e até seu desenvolvimento emocional.
Não estamos falando de luxo, estamos falando de necessidade básica. Um bebê de quatro meses ainda está em pleno processo de formação do vínculo, da regulação emocional, do sono, do intestino, da imunidade. Ele precisa da mãe por perto. Precisa de previsibilidade, colo, cuidado constante.
Ao aderirem ao programa, as empresas demonstram responsabilidade social, valorizam a infância e colaboram para uma sociedade mais saudável desde o início.
Essa decisão não impacta só o presente — ela muda o futuro de uma criança.
Porque os primeiros meses passam rápido. E não voltam.
E para o empregador? Não é prejuízo, é visão de futuro.
É comum que algumas empresas vejam a ampliação da licença-maternidade como um custo a mais. Mas a verdade é que funcionária acolhida é funcionária comprometida. Quando uma mãe retorna ao trabalho após 180 dias, ela volta com mais tranquilidade, menos culpa e mais foco — porque teve o tempo necessário para cuidar do seu bebê e se reequilibrar emocionalmente.
Além disso, o Programa Empresa Cidadã permite dedução do imposto de renda sobre os valores pagos durante os 60 dias extras. Ou seja, o custo é compensado.
Adotar essa medida fortalece a imagem institucional, melhora o clima organizacional e reduz a rotatividade, já que muitas mulheres acabam pedindo desligamento por não conseguirem conciliar a maternidade com a pressão do retorno precoce.
No fim das contas, apoiar a primeira infância é um investimento com retorno certo — para a criança, para a família e para a própria empresa.
Por Daniela Fontana