Uma pesquisa conduzida pela Fundação Getúlio Vargas, em parceria com o Imperial College London, mostrou que a criação de meios para facilitar o deslocamento de doadores pode contribuir para o aumento nas doações de sangue.
O estudo analisou a implementação de um vale-transporte de um dia para promover a doação de sangue e seus efeitos de longo prazo. Os resultados foram positivos, com 438 doações, um aumento de 97,4%.
A pesquisadora Lucia Barros, da FGV, explica o levantamento.
“A nossa pesquisa avaliou dados de uma campanha. O Hemorio, Hemocentro do Rio de Janeiro, em parceria com uma empresa de aplicativos, deu um voucher. Então, todas as pessoas que chamavam o aplicativo para uma corrida que, começava ou terminava no Hemorio, elas ganhavam um desconto, e isso elevou muito a quantidade de doações. Então a gente acredita que sim, que um transporte é uma barreira para as pessoas doarem”.
Apesar dos resultados, também houve redução na taxa de retorno dos doadores no futuro, que pode ser explicada pelo aumento no tempo de espera para a doação, o que afetou negativamente a experiência.
Mesmo assim, o aumento de curto prazo no número de doações durante o experimento compensou a redução nas taxas de retorno, validando sua eficácia.
Lucia Barros explica que a medida pode servir de inspiração para o desenvolvimento de políticas públicas.
“Políticas públicas que facilitem o transporte podem, sim, beneficiar uma série de comportamentos, porque o transporte costuma ser uma barreira principalmente em grandes cidades”.
A necessidade de incentivar mais pessoas a doar sangue tem sido constante em vários hemocentros, pois, muitas vezes, o estoque é insuficiente para atender à demanda dos sistemas de saúde. Entre os requisitos para a doação estão idade de 16 a 69 anos e peso mínimo de 50 quilos.
Agência Brasil