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Confiança e volta às aulas: A Base para uma Infância Segura e Saudável

A volta às aulas é um período cheio de novas experiências, desafios e descobertas para nossos filhos. É o momento em que eles ampliam seu universo social, convivem com diferentes pessoas e situações e, inevitavelmente, se deparam com questões que podem ser desafiadoras ou confusas. É exatamente aí que entra a importância de um vínculo sólido de confiança entre pais e filhos.

Mas o que significa, de fato, criar esse vínculo de confiança? E como ele pode impactar a vida dos nossos filhos?

Por que a confiança é tão importante?

A confiança não é apenas um sentimento abstrato; ela é a base para que a criança se sinta segura e acolhida, mesmo em momentos de incerteza. Quando os filhos sabem que podem contar com os pais para compartilhar suas alegrias, dúvidas, medos e até erros, isso cria um porto seguro emocional. Esse vínculo é essencial para o desenvolvimento da autoestima e da autonomia infantil, pois permite que a criança cresça sabendo que tem alguém em quem confiar, independentemente da situação.

Mais do que isso, a confiança ajuda os pais a protegerem os filhos. Quando uma criança sente liberdade para contar tudo, os pais conseguem identificar situações que podem ser prejudiciais, como bullying, problemas emocionais ou até riscos externos.

Como construir essa confiança no dia a dia?

O vínculo de confiança não surge de uma hora para outra. Ele é construído em pequenos momentos do cotidiano, com atitudes consistentes que mostrem para a criança que ela será ouvida, acolhida e respeitada. Aqui estão algumas formas de fortalecer essa conexão:
1. Escute com atenção:
Muitas vezes, os filhos nos procuram para contar algo que parece “sem importância”. Pode ser um detalhe sobre o recreio ou uma dúvida simples, mas é essencial dar atenção genuína. Quando os pais demonstram interesse pelas pequenas coisas, os filhos sentem que podem confiar também com os assuntos mais delicados.
2. Evite julgamentos:
Se uma criança compartilha algo difícil, como um erro ou uma situação embaraçosa, o ideal é evitar reações impulsivas, como críticas severas ou sermões. Mostre empatia e busque entender o contexto antes de responder. Frases como “Eu entendo como isso deve ter sido difícil” ou “Obrigada por me contar, vamos resolver isso juntos” fazem toda a diferença.
3. Seja um exemplo de sinceridade:
A confiança é uma via de mão dupla. Seja honesto com seus filhos na medida do possível e adequado à idade deles. Admitir quando você erra e pedir desculpas, por exemplo, ensina a importância da transparência e da responsabilidade.
4. Reforce o valor da confiança:
Converse abertamente com seus filhos sobre a importância de compartilhar o que sentem e vivenciam. Explique que, ao contar algo, eles estão se protegendo e permitindo que você os ajude a tomar as melhores decisões.
5. Estabeleça uma rotina de diálogo:
Inclua momentos do dia para conversas abertas, como no jantar ou antes de dormir. Nessas ocasiões, pergunte como foi o dia da criança, mas evite perguntas genéricas como “Como foi a escola?”. Experimente perguntas mais direcionadas, como:
• “O que te fez feliz hoje?”
• “Teve algo que te deixou chateado ou preocupado?”

O impacto nas situações escolares

Com o ambiente escolar repleto de interações e dinâmicas sociais, é normal que situações difíceis surjam: conflitos com colegas, pressões para se encaixar, ou mesmo vivências que a criança pode não compreender, como bullying ou abordagens inapropriadas. Quando a confiança com os pais está bem estabelecida, os filhos se sentem seguros para contar o que estão vivenciando, sem medo de serem ignorados ou punidos.

Isso permite que os pais identifiquem problemas rapidamente e ajam de maneira preventiva. Por exemplo, se uma criança relata que está sendo excluída pelos colegas, os pais podem intervir de forma sensível, conversando com a escola e trabalhando para fortalecer a autoestima da criança em casa.

Confiança hoje, liberdade amanhã

O que plantamos na infância reflete diretamente na adolescência e na vida adulta dos nossos filhos. Construir uma base sólida de confiança não apenas protege a criança nas fases iniciais da vida, mas também contribui para que ela cresça emocionalmente saudável, segura e capaz de enfrentar desafios com responsabilidade.

Então, nessa volta às aulas, aproveite para refletir sobre o vínculo de confiança que você está construindo com seus filhos. Eles sabem que podem contar com você? Sentem que suas palavras e sentimentos são valorizados?

Confiança não é apenas sobre o que os filhos nos contam, mas sobre como os fazemos sentir. Vamos lembrar: somos o porto seguro deles. E, enquanto essa confiança for alimentada, estaremos criando não apenas uma infância mais feliz, mas também um futuro mais seguro para nossos pequenos.

Não robotize a sua maternidade: ouça, acolha, confie.

Por Dani Fontana

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