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Capital baiana sofre com escassez de medicamentos e falta de farmacêuticos, alerta CRF-BA

O Conselho Regional de Farmácia da Bahia (CRF-Ba) relatou que as distribuidoras de medicamentos da cidade de Salvador têm passado por uma escassez de alguns remédios. A má condição de trabalho e a falta da contratação de farmacêuticos nas unidades de saúde também foram ponderadas pelo conselho. O relato da entidade chega após a Ouvidoria da Câmara de Vereadores declarar que recebeu denúncias sobre assistência farmacêutica na capital baiana.

Conforme o Ouvidor-geral da CMS, vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB), itens como insulina para o tratamento de diabetes, alfaepoetina de 10 mil UI, utilizada no tratamento de anemia associada à insuficiência renal crônica, e até medicamentos mais comuns, a exemplo da dipirona, estão em falta nas distribuidoras públicas. De acordo com informações do CRF-Ba, a rede Municipal de Saúde, formada por 220 distribuidoras gratuitas de medicamentos sofreu um déficit de 104 profissionais.

O presidente do conselho, Mário Martinelli, afirmou ao Bahia Notícias, que a constatação foi feita após um mutirão de fiscalização realizado pelo conselho nos postos de dispensação de medicamentos, denominado de “farmácias públicas” de Salvador.

O relatório da fiscalização realizada em maio deste ano nesses tipos de farmácias da cidade, trouxe detalhes e informações acerca do perfil da Assistência Farmacêutica na cidade. O levantamento mostrou que apenas 26% das 132 unidades fiscalizadas contam com a atuação de farmacêuticos. Os dados do levantamento apresentaram que na Região Metropolitana de Salvador (RMS) têm apenas 17% desses trabalhadores. O estudo trouxe ainda que cidades do interior da Bahia, a exemplo de Barreiras no Extremo Oeste teria 90% dos profissionais.

“A gente constatou a falta de profissionais após um mutirão que o conselho fez nesses postos, chamados de farmácias públicas pelo município Salvador.

A gente verificou que havia uma ausência muito grande desses profissionais, é uma condição de trabalho muito ruim”, observou Martinelli. Segundo Mário, a dispensação de medicamentos deveria ser realizada somente por farmacêuticos, já que a norma 471 de fevereiro de 2021 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estabelece que profissionais desta área realizem o procedimento. “A gente tem uma lei sobre o ato da dispensação de medicamento ser privativa do profissional farmacêutico. Hoje não é somente dispensar o medicamento, mas sim fazer todo o aconselhamento ao paciente, orientando em relação à forma correta do medicamento, as interferências medicamentosas, o que a gente denomina serviços farmacêutico nas farmácias. O que a gente observou é que Salvador saiu abrindo além do distritos várias unidades dispensadoras de medicamentos algo em torno de 212, mas só tem 80 farmacêuticos no seu quadro. Ou seja, é uma ausência enorme desses profissionais, o que faz com que não haja adesão de tratamentos e a gente tem também denúncia de usuários pela falta corriqueira de medicamentos nesses postos de saúde”, disse.

Outra alegação feita pelo conselho é relacionada com a condição de trabalho que esses profissionais enfrentam nos locais. “Uma condição de trabalho muito ruim. Muitos postos destes são degradados, não tem ar condicionado, medicamentos de forma correta, não tem segurança profissional. É um ambiente altamente insalubre. […] Nossa preocupação maior não é somente a questão da carência desse profissional, pois é a condição de trabalho desse profissional e dos medicamentos que são armazenados de forma incorreta em altas temperaturas fazendo com que o efeito não seja mais o desejado pelo prescritor”, indicou.

O conselho diz ainda que a contratação de assistentes administrativos para cargos específicos de farmacêuticos e a contratação de profissionais de outras áreas traz outra preocupação,já que esses profissionais estariam efetuando a entrega de medicamentos para pacientes. “São outros profissionais fazendo essa dispensação como auxiliar de limpeza, auxiliar de segurança, técnicos entre outros”, apontou.

BAHIA NOTÍCIAS / FOTO MAX HAACK/SECOM

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