A contradição da Homenagem ao Dia das Mulheres na sessão solene da Câmara de Vereadores
Em um dia dedicado a celebrar as conquistas das mulheres e a refletir sobre a luta histórica por direitos iguais, a sessão solene em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, realizada recentemente, teve um episódio lamentável que coloca em xeque a verdadeira essência da luta feminina. Durante o discurso da vereadora Doutora Lara uma atitude agressiva e desrespeitosa de parte da plateia, composta por mulheres que se identificam como esquerdistas, impediu a conclusão de sua fala.
O que deveria ser um momento de reflexão e celebração se transformou em uma cena de hostilidade e intolerância política. Ao invés de ouvir e respeitar o discurso de uma mulher eleita pelo povo, essas mulheres interromperam a vereadora com vaias incessantes, tornando impossível que ela completasse sua mensagem. O episódio, que durou vários minutos, não apenas desrespeitou a vereadora, mas também deslegitimou o propósito da sessão, que era, acima de tudo, homenagear todas as mulheres, independentemente de suas filiações políticas. Em apoio ao grupo os vereadores Alexandre Xandó, Babão e Luciano Gomes também se manifestaram na sessão impedindo o momento de fala da Vereadora Lara, representando o machismo velado que rege a conduta dos mesmos.
É verdade que a política é um terreno onde as divergências são naturais e esperadas, mas em um evento como esse, que busca enaltecer as mulheres em todas as suas diversidades, o comportamento de quem se diz defensor de uma causa pode ser mais prejudicial do que construtivo. O que foi presenciado ali foi uma demonstração clara de intolerância ideológica, algo que fere os princípios de um debate democrático e plural. Em um momento onde as mulheres deveriam estar unidas em sua luta por direitos e respeito, a divisão política foi colocada acima daquilo que deveria ser o foco principal: a valorização das mulheres e suas histórias.
Isso levanta uma questão crucial: até onde o discurso da esquerda sobre a luta das mulheres é verdadeiro? Será que a defesa das mulheres é, de fato, uma prioridade para todas aquelas que se colocam como defensoras dos direitos femininos, ou é apenas um marketing político conveniente, usado como ferramenta para reforçar uma narrativa que beneficia apenas aquelas que pensam de maneira igual ao movimento?
A atitude das mulheres da plateia, ao boicotar o discurso da vereadora Doutora Lara, representa uma contradição alarmante. Se a luta pela igualdade de gênero fosse realmente o centro da causa, esse tipo de atitude não teria lugar. O que se espera de todas as mulheres, seja qual for a sua ideologia política, é que se unam na valorização de outras mulheres, especialmente em momentos em que a reflexão sobre os avanços e os desafios da luta feminina é essencial. O que aconteceu nesse evento foi uma clara demonstração de que, em certos círculos, a política se sobrepõe à união em prol das mulheres.
Portanto, é fundamental que as mulheres, como grupo, questionem as verdadeiras intenções por trás de atitudes como essa e busquem um debate mais maduro e respeitoso. Se a luta das mulheres é uma causa genuína, ela não pode ser sequestrada por divisões políticas ou interesses partidários. A verdadeira luta pela igualdade de gênero precisa ser inclusiva e respeitosa com todas, independente de suas escolhas políticas. O respeito mútuo deve sempre prevalecer, especialmente em uma data que deveria ser dedicada ao reconhecimento das mulheres em sua totalidade.